terça-feira, 1 de novembro de 2011

MARQUESA DE SANTOS - SUA VIDA





Domitila de Castro Canto e Mello, conhecida como Marquesa de Santos, era uma mulher de vanguarda. Não só por ter mantido por anos um romance com o imperador – casado – Dom Pedro I, em tempos onde esse tipo de atitude não recebia perdão, ou pelos escândalos que provocou na corte. Mas por seu espírito empreendedor, que a fez dona de uma enorme extensão de terras em Itapeva, Buri e Itararé e uma dedicada criadora de gados, no início do século XIV.Nascida em 1797, filha de João de Castro Canto e Melo, coronel, e Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas, de boa e tradicional família paulista, era neta do Coronel Carlos José Ribas, tetraneta de D. Simão de Toledo Piza, patriarca da família em São Paulo. A família de Domitila tinha estreitas ligações com os itapevenses. ‘Foram famílias primordiais no desenvolvimento de Itapeva desde Faxina.Preto considera que desde menina, Domitila foi uma pessoa “avançada e evoluída” acima da média para a época. “Aos 16 anos ela casou-se com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça, moço fidalgo da Casa Real”. Alguns anos e três filhos depois, Domitila termina o casamento após ser esfaqueada na coxa pelo marido. O divórcio foi concretizado em 1824, mas há dois anos Domitila já havia conhecido um belo príncipe e desde então teve início o mais famoso romance da história brasileira.Segundo os historiadores, Domitila conheceu Dom Pedro de Alcântara dias antes da proclamação da Independência do Brasil. Pedro era conhecido como mulherengo, mas sua fama não foi obstáculo na estratégia de conquista da bela e insinuante Domitila. O que a princípio era apenas um certo interesse pela bela dama paulistana foi se transformando num apaixonado romance, de acordo com os cronistas da época, e D. Pedro I, logo após se tornar imperador do Brasil, deixou de lado uma certa discrição que tinha inicialmente e tornou público, de forma ostensiva, seu romance com Domitila, que apresentou à Corte no Rio de Janeiro, dando-lhe o título de Marquesa de Santos.Ambição - Ao contrário da maioria das mulheres de sua época, Domitila era ambiciosa, vaidosa, gostava de enfeites, festas e de adquirir terras. A crescente interferência da marquesa nos negócios do governo foi um dos fatores que reduziram gradativamente a simpatia popular pelo imperador. Consta que teria sido a influência da insinuante senhora que o levou a demitir vários ministros e dar ao seu governo uma orientação que o tornou impopular. Dom Pedro e Domitila romperam em 1829 quando, segundo o comentário da época (pois nada se comprovou), ela tentou balear a sua própria irmã Maria Benedita (baronesa de Sorocaba), ao descobrir seu relacionamento com o Imperador.Porém, o maior motivo para a separação foi devido às segundas núpcias de D. Pedro com Amélia de Lechtenberg. Ele procurava desde 1827 uma noiva nobre de sangue e seu relacionamento com Domitila e os sofrimentos causados a Leopoldina (morta em 1826) por este, eram vistos com horror pelas cortes européias e várias princesas recusaram-se a casar-se com Pedro. Uma das cláusulas do contrato nupcial de Amélia e Pedro dizia que ele deveria afastar-se para sempre de Domitila e bani-la do império.Depois de separar-se de Dom Pedro, Domitila encontra apoio nos braços de outro homem: o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, que a conduziu de volta do Rio de Janeiro para São Paulo. Com o militar, viveu em Sorocaba, durante a Revolução Liberal de 1842, em local que se tornou conhecido na cidade como a "Casa da Marquesa".Preto Mattos conta que ao lado de Tobias de Aguiar a marquesa viveu tempos difíceis por causa da fracassada Revolução de 1842. “Tobias de Aguiar foi caçado pelas tropas de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.Entre nós - Foi ao lado de Tobias de Aguiar que Domitila se aproximou da região de Itapeva. Eles adquiriram do casal Brigadeiro Bernardo Gavião Peixoto e Ana Poliana de Vasconcelos Gavião a Fazenda São Pedro, pelo valor de 14 mil cruzeiros velhos”. A escritura das terras foi lavrada nas notas do tabelião Francisco Antônio Barbosa, em São Paulo. Em 19 de junho de 1847, Tobias de Aguiar e sua Domitila requerem ao juízo municipal do termo na Vila de Itapeva da Faxina, a demarcação das sesmarias de São Pedro, constituindo assim o primeiro ofício de Faxina. O ato teve como testemunha João da Silva Machado, o Barão de Antonina. A Fazenda São Pedro, que pertencia à Marquesa de Santos, é hoje o município de Itararé. O casal ainda comprou a Fazenda São Rafael, que abrangia o então Bairro do Guari (hoje Distrito Guarizinho) e parte das terras onde hoje fica a cidade de Buri. Mesmo depois que Tobias de Aguiar morreu, em 1857, a marquesa continuou a comprar terras. “Ela passou uma procuração pública ao senhor Estelita Americano de Toledo Ribas, dando plenos poderes para figurar, propor e defender ações da marquesa. Domitila escrevia cartas solicitando que o seu procurador cuidasse bem do gado. “Numa das cartas, publicada no jornal itapevense O Progresso, de Antônio Costa Pereira, a marquesa pede que Americano dê bastante sal e bom tratamento para o gado, que o inverno seria muito forte.Domitila teria chegado a integrar a Maçonaria e ainda por ocasião da guerra do Paraguai, além de doações em dinheiro, teria deixado à disposição das tropas imperiais brasileiras suas terras e fazendas (onde eram atendidos quando passavam). Foi a primeira mulher brasileira a fazer doações para a campanha de guerra e o seu belo gesto repercutiu em todas as classes sociais.Com o passar dos anos, foi considerada "a dama de maior prestígio e atividade social de São Paulo", segundo pondera o escritor Wanderley de Pinho (Damas e Salões do Segundo Reinado) e chegou a ser chamada de "Pompadour Sul-americana", pois não havia ainda perdido os hábitos palacianos. Em meados do século XIX, abria constantemente seus palacetes para a realização de freqüentes partidas, recepções, reuniões dançantes e bailes mascarados, onde sentava, toda senhora de si, numa cadeira especial denominada "o trono da Marquesa".Andava pela imperial cidade de São Paulo num coche brasonado e luxuosíssimo, alardeando opulência, demonstrando abastança e riqueza, sendo que, ao mesmo tempo, visitava e ajudava aos necessitados através de doações e obras de caridade. No final de sua existência, ficava vasculhando baús e caixas de jóias e deleitava-se acariciando afavelmente seus objetos pessoais com o pensamento voltado a um passado distante, quando vivera uma paixão desvairada e fora a favorita do imperador.Vivia de memórias e recordações de um passado fulgurante, ao lado dos seus filhos, netos e sobrinhos, até que cerrou os olhos para sempre no dia 23 de fevereiro de 1867, aos 70 anos de idade, vítima de enterocolite, na mesma cidade que a viu nascer. Ainda em vida pediu um funeral sem ostentação, tendo sido sepultada no Cemitério Municipal de São Paulo, com a presença do presidente da Província, Saldanha Marinho, e de outras altas autoridades paulistanas. Seus restos mortais jazem no singelo mausoléu da família no Cemitério da Consolação, encimado pela figura de um anjinho de ar ingênuo lembrando a figura de Cupido.
        Hoje é feito este resgate sobre Domitila de Castro Canto e Melo,a Marquesa de Santos,resgatada por este historiador e o jornal Ita-News.

3 comentários:

  1. Foi reaberto ao publico o Solar da Marquesa de Santos em São Paulo, com a exposição 'A Marquesa de Santos: uma mulher, um tempo, um lugar'. A exposição conta com acervo do Museu Paulista e Museu Nacional (RJ), destaque para o retrato original da Marquesa pintada por Francisco Pedro Amaral, onde ela posa com a Real Ordem de Santa Isabel de Portugal.

    Curadoria e pesquisa: Heloisa Barbuy (Museu Paulista/USP)


    Solar da Marquesa de Santos
    Sede do Museu da Cidade de São Paulo
    Rua Roberto Simonsen, 136
    01017-020 - Sé – São Paulo SP
    Telefone 11 3105-6118

    Visitação de Terça a domingo, das 9h às 17h

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  2. Mulher valente e definida, pelo que se deduz a sua influência nos negócios de D Pedro pode ter fomentado o crescimento e o progresso da região do sudeste de São Paulo e nas regiões limítrofes do Estado do Paraná.

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  3. Mulher valente e definida, pelo que se deduz a sua influência nos negócios de D Pedro pode ter fomentado o crescimento e o progresso da região do sudeste de São Paulo e nas regiões limítrofes do Estado do Paraná.

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